domingo, 6 de abril de 2008

A Questão Ambiental - $$$

Nas minhas recentes viagens e consequente hospedagem em hotéis - Paris, Boston, Roma, Florença, Veneza e Londres - pude reparar uma coisa: da pousadinha ao hotel mais sofisticado, todos, mas todos sem exceção, nos pediram para contribuir com a causa ecológica.

Em um dos hotéis, em cima da cama, havia o seguinte lembrete: "caso não queira que a sua roupa de cama seja trocada todos os dias, deixe esse lembrete em cima da cama". E no banheiro: "se quiser que as suas toalhas sejam trocadas todos os dias, deixe-as no chão."

Em outro: "a nossa lagoa sofre com a poluição causada pelo ser humano. Todos os dias, X toalhas e roupas de cama são lavadas em Veneza. Se quiser contribuir com o meio ambiente, use-os por mais de um dia". E nesses termos continuava o extenso bilhetinho.

Lembretes positivos, lembretes negativos, lembretes apelando para o lado emocional... Nenhum lembrete entretanto apelou para o meu lado financeiro e (eco)lógico.

Ora bolas, se os hotéis são tão conscientes assim, por que eles também não contribuem para a questão ambiental? Por que só eu, pobre turista, tenho de contribuir? Eu não vi nenhum bilhete assim: "não troque toalhas e roupas de cama todos os dias e todos nós contribuiremos para a questão ambiental: o hotel dará 5% de desconto por ter uma conta menor na lavanderia."

É muito fácil pedir que só uma das partes ceda, enquanto a outra não faz nada, ou pior, leva vantagem. Acontece a mesma coisa na questão das sacolinhas de supermercado. Aqui em Londres a Marks & Spencer passará a cobrar absurdos 5 pences por sacolinha, e a justificativa deles é a mais hipócrita possível: "nós estamos TE ajudando a contribuir com o meio ambiente". Oras, eu não preciso que ninguém ME FORCE a contribuir com nada. Eu por exemplo não vejo nenhum mal na sacolinha de plástico: eu a reutilizo sempre como saco de lixo em casa. Se não for essa sacolinha, terei de comprar saco de lixo plástico DO MESMO JEITO.

E o supermercado, vai me dar algum desconto por não estar tendo mais custo nenhum com a sacolinha? Lógico que não. Eles ganham, eu perco. Pois continuarei fiel ao supermercado que me der a sacolinha de graça, até o dia em que resolverem mudar.

Tudo isso só me diz uma coisa: os grupos verdes são nazi-fascistas, pois querem obrigar as pessoas a fazerem coisas que se não fossem forçadas a tal não o estariam fazendo. E ajudam no final das contas o capitalismo que tanto abominam. Sob a pretensa causa ecológica, creio eu que se escondem objetivos muito mais espúrios.

10 comentários:

Cláudio disse...

Esse lance rola em hotéis americanos também faz algum tempo. Costumo ficar hospedado na cadeia Days Inn e eles também costumam apelar para meu lado ecológico.

Comigo o efeito é o contrário: eu que estaria até disposto a não mandar lavar a toalha, agora mando só de birra.

Se eles argumentassem "ajude-nos a manter baixos nossos custos para que possamos continuar a lhe proporcionar as melhores tarifas" eu ATÉ ajudaria, mas com esse blablablá ecológico, não.

patricia m. disse...

Claudio, eu troquei de toalha e de roupa de cama todos os dias. Afinal, estou pagando para isso, nao estou? Eh meu direito usufruir de toalha limpinha e roupa de cama cheirosinha.

Como disse, se me dessem alguma vantagem no deal, eu toparia.

João Batista disse...

É como quando pedem que você lave o lixo reciclável antes de jogá-lo fora. Por que você é que tem de lavar se uma empresa vai ganhar dinheiro com o lixo?! Na esteira de separação, basta botar um chuveirinho de água reciclada, ou submergir tudo, ou apenas botar um manezinho ali para ir lavando manualmente o lixo, como você teria de fazer. Os vagabundos espertalhões exigem parte do seu tempo e da sua água, que não é reciclada, vem do reservatório, ou seja, é um contra-senso: vou ajudar o planeta reciclando o lixo, mas peraí que antes eu preciso lavá-lo com a água escassa que não se deve desperdiçar. Ops! Deu soma-zero! Na verdade a empresa de reciclagem saiu ganhando, e você e o reservatório de água perdendo. Fora as quatro sacolas, ao invés de apenas uma, para o lixo. Fora as quatro lixeiras de plástico, que exigem o maldito petróleo, ou de aço/ferro, que gasta um monte de energia para ser produzido e polui horrores na mineração. É tudo muito neurótico, a insana busca por reduzir sua “Carbon footprint” pessoal é uma armadilha para enlouquecer, uma pílula dourada de cianureto mental e psíquico. E logo o maldito Carbono, base da vida, transformado em base da morte? Como o coitado efeito estufa, condição sine qua non para a vida, transformado em fenômeno detestável.

Pergunta aos hotéis: por que não captar água da chuva para lavar os lençóis e toalhas após tratamento igual ou aproximado ao que a mesma água recebe antes de ser enviada encanamento afora? Ninguém quer pagar a escavação de um buracão no chão, nem a manutenção do sistema? Resta ao hóspede pagar com toalhas sujas e lençóis encardidos de suor ou coisa pior. Porque os lençóis vão amarelar, e o hotel vai ter de comprar novos, o que será extremamente prejudicial ao planeta, de acordo com a (eco)lógica. Mais: menos lavagens, menos lavadeiras. Alguém vai levar corte no salário, se tornar desnecessário e obsoleto.

Mas barrar o homem é a saída mais fácil e barata. Sempre foi, pergunte a Stalin & Amigos. Daí o perigo da pregação eco-fascista. Começam por criminalizar o que todos concordam serem excessos, confortos supérfluos e desnecessários, unanimidade já perigosa por si só, fazendo todos se sentirem livres para impor seus juízos aos outros. Terminarão por criminalizar o homem em pessoa, concluindo com o Titio assassino: sem homem, sem problema. Montes de ambientalistas já partilham de tal conclusão, inclusive ocultamente.

Frodo Balseiro disse...

Patrícia, já te disse que essa doutrinação políticamente é de matar!
Pergunto, ao invés de deixar toalha e lençol sujo, por que os hoteis não reciclam a agua(question Mark)
Daqui a pouco esses chatos do ecochatismo estarão pedindo que a gente diminua o número de banhos "anuais"!

Zé Costa disse...

Sim... sim... até na provincial Recife, esses recados existem na rede hoteleira, e sempre, eu, minha mulher e, principalmente, o pequeno e bravo Estêvão,ignoramos esse apelo.

Usávamos toalhas novas todos os dias.
Deixávamos o ar-condicionado sempre ligado (Estávamos em Recife, só para lembrar)
Os banhos eram sempre demorados, sobretudo depois da praia. O de Estêvão ainda mais, por razões óbvias.

Enfim, esse papo de ajudar o meio ambiente com meu dinheiro, não cola para mim. Aliás, essa história é muito aborrecida, não?

patricia m. disse...

Joao, eu disse que sao nazis esses caras. De repente passar a haver tribunais revolucionarios da causa verde: usou muito recurso natural, sera fuzilado.

Eu nao reciclo nada, a nao ser garrafas, latas e jornais porque (pelo menos em NYC) havia um lugar proprio coletando isso, no meu andar. Entao levava e jogava direto, sem sacola nem nada.

A minha roomate aqui em Londres recicla. Como a casa eh dela, e a conta de energia eh dela, entao eu sou legal: passo agua em latinha suja, em garrafao de leite, faco a festa. Quando me mudar pro meu ape em breve nao reciclarei de novo. Da muito trabalho, eh um pe no saco. Ops.

António Conceição disse...

Ora, sua liberalzinha,

É o mercado!
Porque é que o hotel lhe havia de fazer um desconto de 5%, se você se hospedou nele na mesma, pagando mais esses 5%?

patricia m. disse...

Funes, pois, eh, paguei pela toalha, nao foi? Entao troquei de toalha. Paguei pela roupa de cama, nao foi? Entao troquei a roupa de cama. Nada mais justo, se estou pagando por esse servico, que esta incluido na tarifa do hotel.

So falta eles vierem agora: caso troque de toalha e roupa de cama, pagara UM EXTRA de 5%. Ai vai ser dose para leao.

João Batista disse...

O último hotel em que me hospedei foi um Hilton em Richmond, VA, USA. Nada de aviso. Pelo contrário, as camareiras circulavam o andar como abutres, prontas para arrancar mais uma gorjeta de mim. Eu é que não queria que limpassem meu quarto! Mas é o trabalho delas, fazer o quê. Na verdade a limpeza do banheiro era bem vinda. Desconfio de banheiros de hotel. Fazer o quê...

Eu já reciclei no passado para ver se diminuía meu gasto com sacos de lixo, aproveitando as sacolas de supermercado, claro. Não dá. Se eu não lavar as merdas, os caras da usina não vão reciclar, vão jogar fora no lixo comum. Eu até economizo, mas no resto dá na mesma. Se eu lavar, vou gastar algo mais caro que sacos plásticos: água, meu tempo e paciência. Uma amiga minha reciclava tudo bonitinho levando o lixo lá no parque do Ibirapuera, onde a prefeitura havia colocado quatro latões enormes para lixo reciclável. Certo dia ela encontrou o caminhão de coleta lá, e teve de esperar para jogar o lixo fora. E não é que ela ficou pasma, balançou de raiva, ao constatar que o caminhão estava esvaziando lata após lata na mesma caçamba, no mesmo compartimento único? Todo aquele lixo separado acabou misturado no caminhão... Ela nunca mais quis saber de reciclagem.

No mundo parcialmente civilizado até deve existir um sistema satisfatório. Mas em São Paulo é palhaçada mesmo, picaretagem pura.

patricia m. disse...

Hahahaha, adoro quando verdoengos quebram a cara...