terça-feira, 5 de dezembro de 2006

A Bicicleta Vermelha e o Menino Pobre

Pegando o gancho em um post da Sonia, quando eu era crianca la em Belorizonte, pelos idos de 1979, nao existia a palavra "pivete" no nosso vocabulario. Eu sei que tem gente que usa a palavra como termo "carinhoso" (?!?), mas la em Minas hoje em dia "pivete" eh menino-ladrao, cheirador de cola, aqueles que nao hesitam em passar a gilete no seu rosto caso nao de a ele a bolsa ou o relogio. Os "de menor", sacam.

Entao, pelos idos de 79 do seculo passado, a gente chamava os meninos pobres de meninos pobres. Isso, eram somente meninos pobres. Nao tinhamos medo de menino pobre.

Um belo dia, estavamos eu e minha mae na Praca da Liberdade. Minha mae estava tentando me ensinar a andar de bicicleta sem a ajuda das rodinhas. Minha bicicleta era lindona, uma Caloi vermelha. Brilhando de nova. E eu fazendo birra, porque estava com medo de andar sem rodinha. "- Nao vou andar, nao vou andar". "- Ah nao vai nao eh? Entao vou dar a sua bicicleta para o menino ali. Voce vai ver como ele sabe andar". O menino era pobre e se bobear era da minha idade, ou pouquissimos anos mais velho. "- Pode dar". E nao foi que ela foi la, conversou com o menino pobre e deixou ele dar umas voltas na minha bicicleta? Por alguns minutos ele ate que sumiu das nossas vistas, e eu fiquei super arrependida de ter "desafiado" a minha mae. Ia perder a minha bicicleta nova! Mas o menino pobre voltou apos alguns minutos de recreacao, e devolveu a bicicleta. E eu imediatamente depois realizei a facanha de me equilibrar em cima dela!

Moral da estoria 1: apesar de na geracao dos meus pais haver escola publica decente, na minha geracao o ensino ja era bem sofrivel. Concordo que a degeneracao do ensino transformou os meninos pobres de ontem nos pivetes de hoje. E ainda nao chegamos ao fundo do poco.

Moral da estoria 2: adoro a psicologia infantil daquela epoca! Hoje em dia as familias classe media tem pequenos monstros dentro de casa. Nao pode contrariar, nao pode bater, nao pode deixar de castigo, adulto nao pode nada, crianca pode tudo! A ditadura da crianca.

7 comentários:

Anônimo disse...

ÒTIMO !

Você é quase da idade da minha filha mais velha, ela tem 30 e é Chef de Cuisine ( Desculpa..... não pude deixar passar a oportunidade de me exibir com as minhas filhotas!)

Mas voltando ao assunto, ela é a mãe da Valentina minha HIPER_SUPER NETA.... Qd a Valentina nasceu, ela comprou dúzias de livros... como educar seus filhos...

Resumindo, nada como aquele "Hoje não tem televisão", "não tem amiguinha pra brincar após a escola", fica de castigo na cadeirinha do quarto pensando no q fez e só saia de lá qd estiver pronta para pedir desculpas...

Ou vc manda ou é mandada !!!!!

Diogo Chiuso disse...

Patrícia, tudo bem? Este não é um comentário, mas um convite. Mantenho o site Oexpressionista (www.oexpressionista.com.br). Não quer participar enviando o que se passa aí nos EUA pra nós? Te dou uma coluninha bem bonitinha. :-)

Meu e-mail: dchiuso@hotmail.com

Que achas?

Blogildo disse...

Essa da bicicleta é emblemática. É claro que é um aspecto individual, mas ainda assim, ilustra a degeneração dos costumes.
Hoje o menino pobre estaria armado e diria: "Perdeu! Perdeu! Perdeu!"
I'm joking!
Existe muita gente pobre decente ainda hoje. E é por isso, apenas por isso, que a situação não degringolou de vez!

Abraço!

Ricardo Campos disse...

Cara Patrícia

Primeiramente respondo sua pergunta postada no blog da Sônia: não, não sou parente direto da família de Joseph e Moise Safra. Meu sobrenome é de origem moura e de genealogia espanhola.

“Quanto a seu último texto concordamos em um ponto que é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. Entretanto, precisamos, agora, debater qual modelo educacional deveria ser adotado no Brasil.

Porque me parece claro – e agora vou receber minhas cacetadas diárias – que espalhar o ensino técnico por todo o território brasileiro não é a melhor opção, uma vez que esta modalidade apenas forma profissionais e não cidadãos. E o nosso país carece fundamentalmente de cidadãos que tenham não só a finalidade de suprir o mercado de trabalho, mas, também, que sejam versados no que de melhor a cultura e o conhecimento podem oferecer: a emancipação do homem!”

O trecho entre aspas é idêntico ao que publiquei no blog da Sônia. Entendi que deveria responder-lhe com as mesmas palavras, entretanto, acrescento que o exemplo que você citou não é mais freqüente porque nos falta o sentimento de solidariedade. Hoje, as famílias mais abastadas evitem que seus filhos tenham contato com crianças provenientes de estratos mais baixos do espectro social. O motivo disso merece uma reflexão mais cuidadosa.

Um abraço,
Ricardo Safra, estudante de Geografia.

Frodo Balseiro disse...

Patricia
Tudo isso sem falar que hoje em dia criança e adolecente sabe de tudo!
Tem respostas para todos os problemas da humanidade, e quem tiver mais do que 25 anos é imediatamente adicionado à sub-categoria dos velhos gagás. Também eles se beneficiam dessa maldição que é o "politicamente correto"

Zé Costa disse...

Ai Patrícia, tenho dúvidas em relacionar de forma direta, como você fez, o caos na educação com a criminalidade dos pobres. Sou de sua geração, ligeiramente mais novo, tenho 30 anos e desde sempre, em Recife, convíviamos com os "trombadinhas".

Justificar o crime com a pobreza ou com a falta de uma escola pública de qualidade, é um tanto perigoso. Na sua história omenino era pobre, talvez estudasse numa escola ruim, mas tinha valores e isso quem passa é a família. Aliás, o hoje, os homens públicos, bem educados, ricos, de escolas conceituadas, ensinam outros valores

Anônimo disse...

Hoje em dia criança é o capeta disfarçado.Por isso o sucesso do programa Nanny.É de doer!!!!
Copie e cole nos eu end do pc
http://www.youtube.com/watch?v=QArNTuSy0TI&eurl=