sábado, 3 de maio de 2008

Buddies

Ontem ele me chamou de "man", como se diz assim para camaradas, usualmente do sexo masculino: "hey man". Depois pediu desculpa, mas eu fiz cara de desentendida.

Hoje no happy hour contou alguns casos do passado, envolvendo garotas. Virei finalmente um "buddy". Não tenho mais sexo, sou um "buddy". Posso começar a usar saias que não fará a menor diferença agora. Mas leva-se tempo para virar um "buddy". Tempo e dedicação.

É a mesma tática de sempre, usada em ambientes altamente masculinizados, como chão de fábrica e chão de banco. Não vá de saias nem vestidos no início. Use sempre ternos sóbrios, com calça. Prenda os cabelos. Faça cara de paisagem quando ouvir um "fuck". No início, pedirão desculpas. Faça cara de desentendida, mas não diga nada. Afinal, "fuck" é "fuck", oras, who the fuck does not say fuckin' fuck once in a while? (Ai mãe, tape os ouvidos, é tudo culpa do pessoal da Engenharia, já te disse que ter deixado o resto da minha criação nas mãos da Escola de Engenharia não me transformaria em uma lady).

Aos poucos, introduza os seus próprios xingamentos. Comece com "damn", por exemplo, que é mais leve e não causará choques desnecessários. Deve-se ser sutil, afinal de contas. Depois de sentir o terreno firme, pode ir para o "fuck". Aí eles se sentirão totalmente à vontade com você. Quando começam a te contar causos de garotas então, você os ganhou. Seus colegas te vêem como mais um deles, um da turma. E é isso que você quer.

O meu primeiro teste do gênero foi na fábrica de cerveja. Eu era chefe do turno, e tomava conta de 6 operadores. Todo mundo novo, eu tinha 24 anos e os meninos deviam ter uns 22, 23 anos. Um dia chego ao posto de controle no meio da área de Produção e em cima da mesa, em frente de um terminal, estava lá a revista de mulher pelada. Olhei para o que estava mais perto da revista e com cara de paisagem disse:

- Guarda na gaveta, né, estamos em horário de trabalho.

O que ele fez prontamente. Nada de ihhh, ohhhh, uhhh... Não era mãe nem namorada do sujeito, minha única preocupação era e deveria ser o resultado da equipe e sua boa reputação. Quase antes de ir embora da fábrica (para começar a carreira em bancos) um deles me vem assim casualmente, durante um bate-papo na saleta de produção, com uma listinha nas mãos, como se conversa com um "buddy":

- Qual dessas atrizes aqui você acha a mais bonita?

Depois desse batismo na fábrica, tratar com o pessoal de banco foi moleza. Na verdade, exige-se mais sutileza por parte da mulher, mas no fundo homem é homem em qualquer lugar. Sentem-se extremamente incomodados quando uma mulher entra no time, 1) porque acham que perdem a liberdade, e 2) porque não confiam totalmente em mulheres.

Mas, se conseguir ganhá-los e eles passarem a te ver como um deles, terá dupla vantagem: além de ser respeitada, será ainda tratada como a favorita do time. Pergunte aos meus colegas e amigos de bancos em São Paulo se não concordam.

Hey man, time to go, let's grab a beer.

* dedicado aos meus buddies Marcelo, Emerson, Paulo, Weslley, Douglas, Sérgio, Newton. E à Gabi, minha única buddy do sexo feminino, muito mais desbocada do que eu, e não é engenheira heim...

2 comentários:

Blogildo disse...

If you were my boss, I'd call you buddy! Hehehehe! You are THE man!!!

Há uma coisa que é comum a homens e mulheres: Ambos não confiam em mulheres. HAHAHAH!

patricia m. disse...

;-)