domingo, 15 de fevereiro de 2009

Paula e os Brasileiros

Bom, a nossa fama aqui fora, que já não era boa, vai ficar pior um pouquinho por causa da doidivanas.

Eu repito aqui o que já disse inúmeras vezes: nunca tive qualquer problema, nunca fui maltratada, nem nos Estados Unidos nem em qualquer país aqui da Europa. Tive problemas pontuais com algumas pessoas, ou alguns grupos de pessoas, if you will. Como por exemplo o grupo de moleques negros aqui em Londres que me deu um chute no traseiro outro dia - mas em São Paulo, um dia, um mendigo me deu um tapa nas costas também - será que acho agora que mendigos são xenófobos? Os moleques são claramente pequenos deliquentes, e de delinquentes o Brasil está cheio. Nos Estados Unidos senti uma certa agressividade por parte dos negros, em uma repartição pública no Harlem, quando fui tirar o meu social security number. Foi bom porque aprendi algumas coisas: 1) não entrar em lugares onde o nível social é baixo porque sempre vão te odiar (sua riquinha, branquinha, nojenta!), e 2) o Harlem é o bairro deles e você não tem nada com isso, vá tirar seus documentos em bairro de branco onde será bem vinda.

Por exemplo, discordo totalmente desse tipo de reportagem. É totalmente ridícula. Dos milhares de turistas que vão visitar a Espanha, o governo faz bem em mandar de volta uns tantos quantos que sim, estão lá para entrar ilegalmente mesmo. Conheço uma e outra que está lá por isso, gente de classe média de Belo Horizonte, que vai trabalhar de garçonete em Ibiza e ainda está arrumando de comprar casamento com espanhol.

Muitas pessoas têm complexo de inferioridade, e o Brasil está cheio desse tipo de gente. O pior, brasileiro se acha acolhedor e quer que todo mundo seja assim também. Até a idiota da brasileira que mora em Portugal vem contando a historinha de que não tem nenhuma amiguinha portuguesa, ai coitadinha dela. Então ouçam a minha: eu cheguei a São Paulo capital, morei lá por 6 anos e meio, e tive pouquíssimos amigos *paulistanos*. A esmagadora maioria dos meus amigos era migrante como eu, vinda de cidades do interior paulista e de outros estados. Ai, o povo de São Paulo é nojento, é frio, é distante. Já ouvi isso várias vezes. Bem, porque o sujeito foi nascido e criado em São Paulo, a maioria dos seus amigos vinha da escola, do bairro, da universidade. Dá para compreender? Eu compreendo perfeitamente. Já os migrantes, porque vinham de outras cidades e deixavam família e amigos de infância para trás, acabam fazendo amizade entre si.

Acontece exatamente a mesma coisa comigo aqui em Londres. Os meus amigos são estrangeiros também. São todos imigrantes, de outras partes da Europa, de outros países do mundo. Porque eles deixaram família e amigos para trás, como eu, fica mais fácil acontecer a amizade. Naturalmente. Não há preconceito nenhum nisso.

Obviamente que quanto mais se desce na escala social, pior fica. Onde o trabalho é escasso, compreende-se naturalmente que haverá uma tendência maior à hostilidade. Acontece que a maioria dos brasileiros que vêm para cá são mal qualificados e trabalham em empregos braçais. Ou seja, empregos ultra mega disputados mesmo. Eu gostaria de ver a construção civil no Brasil contratando pedreiros argentinos para ver se a nossa fama de acolhedor continuaria igual, por exemplo.

Por fim, quem tem fama deita na cama, já dizia o velho ditado. Infelizmente, a fama da mulher brasileira de ser fácil está bem definida já nas mentalidades. O que há de puta brasileira aqui na Europa está fora do gibi. Significa que toda brasileira é puta? Lógico que não. Mas o país como um todo não contribui muito para mudar isso, ao mostrar as belezuras peladas no carnaval, e promover o turismo baseado no não-há-pecado-ao-sul-do-equador...

Enfim, o episódio da Paula serviu para mostrar o que é a mídia nacional. Longe vão os tempos em que a mesma mídia quebrou e quase matou os donos da Escola Base em São Paulo. Parece que não aprenderam nadinha. Nesse caso, o pior foi o envolvimento como sempre atrapalhado do Itamaraty e sua figura maior - ou deveria dizer menor? - o barbudinho Celso Tamborim.

Eu quero ver sim uma conclusão para o caso: eu quero ver o Brasil de quatro pedindo desculpas ao SVP. Vai ser de rolar de dar risada da incompetência nacional.

6 comentários:

Frodo Balseiro disse...

Acho que você colocou a coisa toda, "em perspectiva", como se diz.
Triste é ver a diplomacia brasileira, que já foi "de primeiro mundo", fazer esse gênero pobre-coitado-perseguido-pelos-ricos-maus.
Mas, ignorância é assim mesmo, contagiosa, e fatal!

patricia m. disse...

É a ideologia de esquerda que tomou conta do Itamaraty desde quando o sapo barbudo entrou no poder, a velha luta de classes, o povo oprimido, retirante, nordestino, etc etc etc. To de saco cheio dessa gente mediocre.

João Batista disse...

Sobre o “preconceito”, é assim com quase tudo o mais. Conta uma priminha: na sala da escola dela há um ruivo, apenas. Enchem o saco do ruivo, porque ele é ruivo, o único. Você acha que os neguinhos odeiam ruivos? Que eles tem preconceitos contra ruivos? Ou que enchem o saco do ruivo porque essa é a característica mais marcante e fácil?

Quando dois sujeitos brigam no trânsito é exatamente isso que acontece. Se um for baixinho o outro xinga de baixinho, se um estiver vestindo rosa vai ser xingado de bicha, etc., não por causa de nenhum “preconceito”, mas porque as pessoas simplesmente não se conhecem, então vão se xingar do quê? Do que for aparente. O cara vai incorporar um “racista” se o outro for um negão, ou um revolucionário comunista se for um carrão, ou o contrário, etc.etc.

Nego não conhece esse “imigrante brasileiro”, então xinga de imigrante brasileiro. Só se você tiver graves complexos e total desconhecimento e inconsciência de si próprio para se ofender com xingamentos gratuitos de um completo estranho. Aí é o complexado que está me insultando quando pretende que eu o leve a sério.

corletto disse...

Um cometario a respeito da reportagem que você falou nao concordar, da qual nao concordo muito tambem: a reporter enviou uma mensagem para uma lista de estudantes/pesauisadores brasileiros na França em busca de pessoas interessadas em relatar suas experiências de xenofobia/racismo na Europa.

Enfim, desta maneira nao ha necessidade de levar com ferro e fogo todos os relatos ali descritos, pois nao é tao evidente que sejam todos veridicos.

Uma curiosidade: junto ao grupo de putas, pode acrescentar o numero incrivel de travestis brasileiros que ha em Paris, por exemplo. Ja virou piada e parte do flocore local associar um parque (Bois de Boulogne) ao reduto de travestis exclusivamente brasileiros(as).

Blogildo disse...

É daí pra pior, Patrícia! A tucanada está se bicando entre si e deixando a mãe Dilmona batendo bola sozinha. Já vi essa novela antes e não acaba bem.
Ninguém merece mais oito anos de "diplomacia barbuda". Mas é o Brasil terá. Não me surpreenderei se o Congresso votar reeleição ilimitada até 2014.

Fábio Mayer disse...

O governo brasileiro foi pautado pela Rede Globo nesse caso. E quem é pautado por uma empresa que tem como principal produto o BBB, não pode ser sério...

...mas ante o caso Battisti, esse caso entra mais pro folclore do que para os anais das relações exteriores.