domingo, 8 de junho de 2008

A Conta Não Fecha

O petróleo ainda vai subir mais, $139 o barril não é nada. E não me venham com o papo de banqueiros especuladores.

Em primeiro lugar, a demanda é maior que a oferta. Enquanto a produção está estabilizada já há algum tempo, China e Índia vêm demandando mais petróleo a cada dia que passa. Alguém aí está a fim de cortar o barato deles?

Em segundo lugar, há algo fundalmente errado: a conta não fecha. Como pode um galão de leite custar mais caro que um galão de gasolina? É infinitamente mais caro produzir gasolina do que produzir leite. E olha que estamos analisando os Estados Unidos, que cobram o menor imposto em cima de produtos básicos como leite e gasolina. Claro que aqui na Inglaterra, porque a gasolina é super taxada, o galão de leite custa mais barato.

Em terceiro lugar, o FED parou de cortar os juros, como disse na última reunião, mas também não deu sinal de aumento. Isso significa que o dólar vai continuar desvalorizado frente a outras moedas do mundo - por mais que os políticos digam que querem o dólar forte, para o déficit americano é muito bom que o dólar esteja desvalorizado no momento. Ou seja, como o preço do barril de petróleo ainda é medido em dólares, quanto mais fraco o dólar, mais deve custar o petróleo. Há um dado histórico importante também: quando o desemprego aumenta, o FED fica relutante em aumentar juros. E o desemprego na semana passada passou de 4.5% para 5.5%. Com tendência de subir mais, claro. É recessão, baby.

Em quarto, vem Israel e a maldição de rogue state chamada Iran. Eu particularmente apoio todo e qualquer esforço de qualquer nação decente do mundo de mandar umas bombas nas instalações iranianas de refinamento de urânio. Aiatolá nenhum deve ter direito a bomba.

Sentemos e esperemos pelo barril a $200... Quem viver, verá.

7 comentários:

António Conceição disse...

1- "É infinitamente mais caro produzir gasolina do que produzir leite."

Isto é especialmente verdade, porque os EUA, a Europa e o Japão subsidiam os seus agricultores. A Europa e os EUA fogem do mercado agrícola livre como o diabo da cruz.


2- "Sentemos e esperemos pelo barril a $200... Quem viver, verá."

Suspeito que não será necessário viver muito. Só aí até ao final de 2008.

patricia m. disse...

Funes, pela numero 1 vc esta discordando da minha afirmacao, nao?

Mesmo com o mercado agricola livre, em termos de leite nao iriamos muito longe. Apesar de no Brasil o favorito ser o longa vida, aqui na Inglaterra e nos EUA o pessoal so consome leite fresco. Nao valeria a pena pagar frete aereo para trazer leite do terceiro mundo. Fora os padroes de higiene, que costumam ser muito ruins, como outro dia mesmo uma crise do leite no meu estado nacional comprovou.

Quanto a 2, nunca se sabe quando a indesejada das gentes vai bater a nossa parte. Vai que eu ou voce morremos atropelados amanha?

:-)))

patricia m. disse...

Quis dizer estado natal, nao estado nacional... O meu estado natal eh Minas Gerais, um dos maiores produtores de leite no Brasil.

Frodo Balseiro disse...

Patrícia
Tanto o petróleo quanto o leite são baratos demais.
Caros mesmo são a agua mineral, coca-cola, suco de frutas. Isso sem falar no litro de CK One...hehehe
Falando sério, o petróleo deve subir mesmo, por todas as razões apontadas por você, mas também pelo fato de ser finito, e finalmente o pessoa começou a parar de fazer de conta que o petróleo era eterno!
Estou pensando em comprar um SUV de oito cilindros para aproveitar os últimos tempos de diesel barato!

Blogildo disse...

Por aqui a inflação já voltou a ser tema de conversas e debates.

Quanto aos aiatolás, não se preocupe. Obama vai tomar chazinho com Ahmedinejad e vai acalmá-lo.

weiss disse...

Eu estou tranquilo, meu carro é alcool e eu só bebo leite de vaquinha subdesenvolvida. R$ 0,95 o litro.
T´ruim mas tá bom...

João Batista disse...

Que puxa o etanol de milho, que faz com que os agricultores Americanos voltem a ganhar algum dinheiro, o que não os fará querer voltar atrás.

É o ciclo vicioso do capitalismo mundial. No socialismo, ninguém tem carro. Nem precisa. Você mora pertíssimo do trabalho, e não deve nem pode sair passeando para outros lugares sem autorização. Foi assim nas décadas iniciais da USSR (relaxando com o passar do tempo), é assim na Coréia do Norte, em Cuba e no interior da China. Os pobres brasileiros insistem em sonhar com o carro próprio. Quando compram um modelo, usado, descobrem que precisam pagar impostos mil, gasolina e manutenção. Terminam por rasgar os documentos, freqüentar desmanches, quer dizer, oficinas não-contabilizadas, ou vender o carro. Socialista tem de andar de Mulla. Contentem-se.

Agora, quanto mais sobe o petróleo, mais barato se tornam opções alternativas e mesmo a exploração em altas profundidades. É questão de tempo até que alguém decida tirar vantagem da oportunidade que há de surgir, quem viver verá. E quando o desbravador começar a limpar a bunda com notas de 1000 dólares (inflação...), a concorrência inteira entrará no novo negócio. E claro que não se trata do Etanol. Etanol é trocar gato por lebre. Ao menos enquanto não for viável economicamente produzi-lo exclusivamente a partir de celulose - celulose nem de milho, nem cana nem nada que faça subir o preço dos alimentos.