terça-feira, 30 de setembro de 2008

Assim Falou Stiglitz

E eu concordo com o que ele disse, mais uma vez.

Ou, como diria o assessor de Bill Clinton: é a economia, estúpido. Ou, como eu adicionaria, no momento atual: é crise de confiança, estúpido.

Da AFP - "O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz prevê uma longa recessão nos Estados Unidos e a vitória do democrata Barack Obama na eleição presidencial de novembro, em uma entrevista ao jornal italiano La Stampa.

"Veremos o índice Dow Jones (da Bolsa de Nova York) em uma queda livre maior do que podemos imaginar. Teremos quebras barulhentas de instituições financeiras. A economia americana segue para uma longa recessão", afirmou o economista americano.

"Estamos em meio a uma das piores crise do século e enquanto não tocarmos o fundo não poderemos vir à tona", acrescentou Stiglitz, que foi assessor econômico do presidente democrata Bill Clinton e já teve o cargo de vice-presidente do Banco Mundial.

"Diante deste panorama, penso que não há dúvidas sobre o resultado das eleições de novembro".
"O próximo presidente dos Estados Unidos será Barack Obama. Em uma situação deste tipo, não há nenhuma possibilidade de que os americanos levem à Casa Branca o partido do atual presidente", disse.
"

9 comentários:

António Conceição disse...

As palavras de um prémio Nobel com a autoridade de Stiglitz correm o risco de induzirem o mercado a fazer cumprir as suas profecias. Isso não o credita como profeta, mas como guru. Quer dizer, Stiglitz não previu que Obama ia ganhar, mas Obama vai ganhar, porque Stiglitz, ao dizer que Obama ia ganhar, induziu os eleitores a votar Obama.
Seja como for, a propósito da crise, no primeiro debate presidencial, Obama (aliás como McCain) revelou uma falta de coragem assustadora. Evitou dizer o que quer que fosse que pudesse ferir a susceptibilidade dos eleitores. Isso prova que nenhum dos actuais candidatos à presidência dos USA está à altura do momento.

patricia m. disse...

Funes, nao sei. O eleitor medio americano nem sabe nem quem eh Stiglitz, e esta mais interessado em saber quem vai evitar que ele seja despejado de sua nova casa.

Eu nao vi o debate, uma pena. Mas como nunca gostei de nenhum dos dois, assistiria ao debate para ver quem cometeria mais gafes. Nesse ponto, acho que o debate de quinta entre Sarah "pitbull de batom" Palin e o vice de Obama (sei la o nome do sujeito, ainda nao decorei) sera mais interessante. Ambos sao renomados cometedores de gafes.

patricia m. disse...

Anyway, o meu ponto nao deixa de ser valido: a questao toda eh a economia, em qualquer lugar do mundo. O cidadao so se revolta quando o seu dinheirinho comeca a faltar. E ai a tendencia eh de mudanca, do partido vigente para o partido de oposicao.

Eh sempre assim.

patricia m. disse...

Outro pontinho basico: colocar a tal da Carly Fiorina como assessora de economia, heim, que mancada do McCain. O que eh que a Carlota entende de economia, hahahahahaha.

Juntando tudo ate hoje, a equipe de McCain eh mais idiota que a de Obama. Vide escolhas que foram feitas...

João Bosco disse...

Ehhh....Patrícia, é esta a única dinâmica que eu vejo na política. O próprio bipartidarismo é uma maquininha inventada para implementar essa gangorra ciclotímica que vc falou.

Num primeiro período, um determinado grupo aparelha o Estado, faz uma meia dúzia de projetinhos óbvios, copiando coisas que vão dando certo mundo afora...e atende às necessidades dos financiadores da campanha e da cambada do partido.

Como consequência desta apropriação, a situação se deteriora e é a vez do outro partido assumir o poder e fazer a mesmíssima merda.

Tolice a gente ficar defendendo um ou outro por fidelidade a um determinado princípio...Nesse sistema, um partido se alimenta e precisa do outro e se alterna no poder com uma previsibilidade que chega a ser cansativa.

Veja aqui no Brasil a piada das eleições municipais: as coligações são as mais bizarras! Não há oposição, só há conveniência.

Pra presidência, a colônia aqui já importou o método. Corremos sério risco de ter que tolerar a dobradinha PT-PSDB-PT-PSDB....ad eternum.

Contudo, ainda é menos pior que ficarmos reféns de um regime de partido único, porque aí não se impõem limites aos vícios dos políticos.

O único princípio que eu consigo defender é o direito de mudança. Nem sempre vai ser preciso mudar, mas sempre é preciso poder mudar.

A eleição do Obama é óbvia para mim, neste sentido. Até a campanha dele é a repetição desse clichê gigante da mudança. Simplesmente chegou a vez dele...Não é nenhuma profecia o que o Stiglitz falou.

patricia m. disse...

Joao Bosco, exato, no ponto.

Blogildo disse...

Sei lá, João, até considero Obama o favorito etc e tal. Mas Al Gore e John Kerry também o eram. Só acredito quando aparecer na primeira página o negão sorridente indo pra galera!

João Bosco disse...

Bom, Blogildo, sempre há uma possibilidade de virada. Mas se eu tivesse que fazer uma aposta, apostaria no negão - 3:1. A percepção popular de deterioração econômica é muito forte e diretamente associada à desastrosa era Bush II. E isso não vai mudar até as eleições. No final das contas, o medo conta mais que a plataforma. O americano médio parece ter medo de estender o mandato republicano. Na minha opinião, vai ser uma eleição marcada pela prudência.

Vinicius disse...

Isso é uma forma didática de explicar a crise americana:

O seu "Biu" tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu "Biu", um ousado administrador formado em curso de "emebiêi", decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis "zécutivos" de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu "Biu").

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os "bêudo" da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu "Biu" vai à falência. E toda a cadeia sifu!!!!