domingo, 28 de janeiro de 2007

Soneto Derivativo

Essas mal tracadas linhas
Dizem bem a que eu vim.
Nao sei fazer versos, rimas
Logo nao riam de mim.

Numeros sao o meu forte
Eles nao mentem jamais.
Mas sao incompletos, pois
Nao traduzem os meus ais.

Recorro entao aos grandes
Poetas de outros tempos
E pego logo do lapis.

Traduzir os pensamentos
Eu digo, nao eh tao facil
Como calcular swaps.

E sem maiores delongas, divirtam-se com Manuel Bandeira.
Bom domingo e uma otima semana de muito trabalho!

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"Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d`água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada."

6 comentários:

Anônimo disse...

WOW!
Descobriu sua veia poética?
Amei fofa!!!!!
Qt ao poeta Bandeira, ele esqueceu de nos deixar o endereço da Terra Prometida e nos deixou aqui abandonados porém eternamente deleitados por sua poesia magistral.
Help me!!!!!

gilrang disse...

m.,

a sonnet to integrate your derivatives

if these humble and crooked lines present
all thy regards, woes and sorrow,
in them we must feel the scent
of the poets of tomorrow...

to rhyme is all but gift,
to engender words ain't prize,
words that're meaningfullessly adrift
without an aim, or unwise...

but, lo, thou shall be
the poet of a new breed
with numbers as thy seed

the swaps, thou shall see,
will be thy perfect rhymes,
for wall st., a million times...


quelques mots, quelques rimes,
et les lecteurs sont les victimes
...

i warned you not to provoke...

Anônimo disse...

To my Dear friend Gil:

Oh My God!!!!

I'm speechless!!!!!

A friend who writes in a perfect British English!

Congratulations my friend, being your friend makes me a better person!

Zé Costa disse...

como pernambucano de Recife o que posso comentar? Não precisa ter veia poética, precisa apreciar poesia e sua escolha foi excelente!

Esse é um dos poemas mais bonitos e conhecidos de Manuel Bandeira, existem outros tão belos quanto. Sugiro aos seus leitores que ainda não conhecem Bandeira que o façam o quanto antes! É leitura agradável!

Sugiro: Carinho Triste; Impossível Carinho, Desencanto e Cartas de meu avô, só para começar.

um abraço

Anônimo disse...

Visto que não sou amigo do Rei devo ficar por aqui mesmo. Pasárgada deve estar repleta de petistas...rsrsrs!

Gilrand tá Shakespeareano hoje!

Suzy disse...

Oi, Patrícia, acho que também vou embora pra Pasárgada!
Lá, quem sabe, seremos todos felizes....
(Lá em Pasárgada é tão bom que não tem petista não, viu Blogildo?)

Sem brincadeira, você construiu um 'hai kai' bem legal, tá de parabéns!
Beijos