Comunista Invasor
Frodo, nos comentários do post anterior, acha que eu sou PC de tanto ser PI. Claro que às vezes os índios matavam os Bluecoats também, oras, guerra é guerra. Só confesso que em estórias de pirataria sempre sonhei em ser pirata, nunca marujo da Invencível Armada.
Um pouco do histórico da minha infância. Era o final da década de 70 e início da de 80, e ainda estávamos na Guerra Fria. Eu jogava War com meus primos quase todos os finais de semana em que vistávamos a casa da minha avó. Queria sempre ocupar os Estados Unidos e Canadá e lutar contra as forças do mal na União Soviética. Até destroçá-los de todo.
Nas reuniões dominicais na casa da minha avó, acompanhava de vez em quando o papo dos adultos. E ouvia sobre o comunismo russo. E lá vinha imediatamente à mente a imagem: eu, atrás do muro da casa, defendendo com unhas, dentes e balas a nossa propriedade privada, de forma a impedir que mais famílias viessem morar conosco e dividir uma casa tão grande. "A casa é nossa!", bradava eu aos invasores. E tome chumbo, um ou outro caía e eu acabava morrendo nas mãos dos comunistas sanguinários invasores.
Morria, mas lutando até o fim!
6 comentários:
Grande Patrícia, detonando comunistas desdes pequenininha...hehehe
Cara, eu também brincava de combate aos comunistas russos!
Blogildo, lógico, somos da mesma época. Idolatramos o Reagan e enxergamos na União Soviética o verdadeiro Império do Mal...
Ai como é difícil de vez em quando para mim ter de concordar com Putin, por exemplo.
Frodo, antes morrer lutando pela sua propriedade, não? Hahaha. Morrer por ideais está fora de moda já.
Por essa altura tinha havido uma revolução em Portugal e toda a gente (brasileiro diz "todo o mundo") dizia que íamos ser a Cuba da Europa.
Eu tinha 13 anos e tive a felicidade de poder lutar na rua mesmo, sem ser a brincar. Também é verdade que nas manifestações onde estive só houve tiros para o ar e não morreu ninguém.
O dia mais dramático foi o dia 11 de Novembro de 1975, dia da independência de Angola. Os comunistas tentaram hastear no liceu a bandeira do MPLA (o movimento de libertação angolano apoiado pela URSS). Nós não deixámos. Das nove da manhã à uma da tarde estivemos dois grupos nas escadas da escola, frente a frente, a atirar pedras uns aos outros. Nós gritávamos: "o liceu é do povo, não é de Moscovo".
À uma da tarde, chegou a polícia de choque e fugimos todos.
Depois a guerra fria acabou e o mundo perdeu a graça. Naquela altura eu respeitava os políticos meus inimigos. Hoje desprezo os políticos da minha família ideológica.
Funes, nao fique desolado, uma outra guerra ainda ha de vir.
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