Os blogs conservadores do Brasil não se cansam de elogiar o campo. Antes de mais nada, se você reparar no meu perfil, verá que sou conservadora, de direita mesmo, aquela direita que não há no Brasil. Voltando ao assunto, a agricultura é a menina dos olhos de todos os blogs conservadores.
A começar pelo Reinaldo Azevedo, que é fã número 1 da senadora Kátia Abreu, aquela que já foi do partido menos à esquerda do Brasil (já que por aqui temos o desgosto de não termos nada mais à direita) e agora está de mudança para um partido da base fisiológica do governo.
Os argumentos a favor do campo: a agricultura é que traz divisas ao país, a agricultura é que produz umas das comidas mais baratas do mundo, a agricultura é que promove a exportação, e por aí vai. Eu de forma alguma sou contra a agricultura. Inclusive o país que mais admiro no mundo, os Estados Unidos, tem uma das agriculturas mais fortes do planeta.
Agora, eu também não sou burra e costumo ser muito crítica a quem faz uma defesa apaixonada sem expandir os horizontes. Viver só de agricultura não deveria ser o gol do país. Onde está a nossa indústria? Se a agricultura contribui cada vez mais na pauta de exportações é porque o peso da indústria é cada vez menor. A nossa participação no comércio mundial não cresceu na sua totalidade, para que a participação de todos os setores crescessem. Ser exportador de commodities é voltar ao século 16, será que ninguém vê isso? Ao contrário dos Estados Unidos, não podemos nos dar ao luxo de termos dependência do setor de serviços, somos muito fracos nessa área.
Depois, nessas reportagens cantando as glórias da agricultura ninguém, nem o mais mísero blogueiro, cita a enormidade de subsídios que o campo recebe. Em geral esses mesmos blogueiros não perdem tempo em apontar os subsídios do BNDES em relação à indústria. Mas parece que no campo o fazendeiro é auto-suficiente, ele mesmo arruma o dinheiro a taxas de mercado, planta e colhe e vende, assume os riscos climáticos, etc etc. Um verdadeiro herói!!! Todos sabemos que não é bem assim, mas ninguém fala em cifras. Eu por exemplo queria saber quanto de subsídio é engolido pelo campo, comparando as cifras aos valores da EU e dos EUA. Alguém se habilita?
Por último, morro de rir quando falam que temos a comida mais barata do mundo! É uma mentira, a comida aqui é cara pra burro. Várias e várias vezes já comparei preços de produtos em gôndolas de supermercados em Nova Iorque, em Londres e em São Paulo. Aqui é quase sempre mais caro. Lógico que o preço final é composto de vários fatores, como impostos, que acredito até que sejam uma parcela significativa na composição. Mas será que podíamos dissecar item por item antes de bradarmos que a nossa comida é a mais barata do mundo? Fosse assim gente pobre aqui estava se fartando em filé mignon...