A Era da Inocencia
Eh muito estranho quando relemos um livro que lemos pela primeira vez nos tenros anos da juventude. Nosso julgamento a respeito dos personagens muda radicalmente, quase sempre para o pior. Perdemos, desde muito, a inocencia, pois.
Fui alertada sobre esse fato quando tinha uns 13 anos e estava lendo Dom Casmurro, de Machado. Meu pai disse que sempre que relesse o livro mais tarde na vida mudaria de opiniao. "Os anos pesam". E como pesam. Afinal, era Bentinho paranoico ou era Capitu uma sem vergonha das maiores? Com 13 anos, Bentinho certamente era um pobre coitado de mente fraca.
Acabei de reler Jane Eyre. Devo ter lido o livro pela primeira vez antes dos 14 anos. Nao me lembrava mais da estoria, mas tenho certeza de que devo ter me emocionado com as aventuras da heroina e acreditado piamente na estoria de Mr Rochester. Qual o veredito agora? Bom, obviamente, uma vez perdida a inocencia, perdida para sempre. A mulher de Mr Rochester, a jamaicana Bertha, nao era louca coisa nenhuma. Tornou-se louca depois que se casou com ele e por ele foi repudiada. Quem nao ficaria louco trancado entre 4 paredes em um sotao empoeirado?
Alem disso, apesar de reiteradas vezes Jane Eyre dizer que era uma mulher independente, ela chega na nova casa de Rochester chamando-o de "my master". Senti no fundo que ela ainda se subjugava a ele, apesar de a critica do Wikipedia que coloquei no link acima dizer que eles tiveram um casamento de iguais. Tenho la minhas duvidas.
Devo ler Dom Casmurro de novo? Os anos pesam. Que saudade da infancia. Sera que estamos como Dorian Gray, bonitos por fora, uma monstruosidade por dentro? Sepulcros caiados? Acho melhor deixar a pilha de livros da infancia no passado mesmo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário