Behaviors

Um dos ramos mais em voga hoje em dia na área de Finanças é aquele que chamamos de Behavioral Finance. Quando ouvi sobre isso no MBA, pensei que era tudo muito óbvio e como as pessoas ainda não haviam pesquisado isso antes. Fácil dizer que uma coisa é óbvia depois que tudo está mastigado, mas...

... Finanças (ou Economia) não faz parte das Ciências Exatas exatamente devido ao fator humano! E o ser humano não é totalmente racional todo o tempo, já que as emoções podem prejudicar a clareza de raciocínio.

Pensando outro dia sobre o modelo de remuneração nos bancos em termos de Behavioral Finance, cheguei à conclusão de que estamos piorando a situação ao invés de melhorá-la. Explico. Antigamente (pre crise), o horizonte do sujeito era um ano. Isso porque o bônus é recebido anualmente. Chegou o final do ano, fez dinheiro, está aqui a sua remuneração, não fez dinheiro, a porta da rua é a serventia da casa. Regras claras, todo mundo acostumado a jogar o mesmo jogo.

Agora, o sujeito trabalha para o trimestre! O prazo encurtou e as apostas têm que ficar mais altas. As decisões em relação à demissão de funcionários são realizadas depois de cada resultado trimestral. A mesa não está fazendo dinheiro? Fechemos a mesa. Logo, é uma situação lose-lose. Claro que isso não vale para todas as mesas, mas principalmente para aquelas que eram as queridinhas do mercado antes da crise. Vamos a um exemplo, aquela mesa que só mexia com ilíquidos. Os volumes reduziram consideravelmente, mas ainda há clientes querendo financiamento de ilíquidos. O sujeito se vê diante da seguinte situação: ou eu rejeito o cliente, e perco mais um cliente, e meu book se reduz ainda mais, e no final do trimestre eu corro o risco de ser mandado embora, ou eu faço a transação, meu book não se reduz, mas pode estourar e eu sou mandado embora. Ora, se o final é sempre o mesmo - o sujeito é mandado embora - pelo menos no segundo caso ele tem chances de isso não acontecer, caso o book dele não estoure.

É como aquele cara atolado em dívidas, que só tem mil dólares na mão e vai para o cassino para o tudo ou nada...