sábado, 22 de setembro de 2007

Gentilezas

Acho que estou com sorte nesse quesito. Tenho encontrado pela frente pessoas bastante simpáticas e agradáveis. Lá vai mais um caso de como o mundo ainda tem salvação - pelo menos sob a minha ótica:

Saio do elevador do prédio onde estamos tendo o treinamento para os exames regulatórios com um pouco de pressa. Ouço um barulho metálico, algo caindo no chão do hall, bem perto de mim. Não era moeda nem coisa do gênero, já que não estava com a bolsa aberta, mas poderia ser algo importante. Ao olhar para o chão para verificar o que havia caído, já vejo o porteiro se aproximando, e ambos vemos no chão um dos botões do meu terno. Procuro e vejo que foi o botão da manga direita que havia acabado de cair. Pego-o no chão e olho meio desolada para ele.

O porteiro me pergunta então se quero agulha e linha preta, a única que ele tem. Eu aceito e enquanto ele começa a colocar a linha na agulha, eu penso o que fazer, já que não sei costurar. Sei lá, talvez de algum modo fixar o botão na manga do terno apenas para a entrevista da tarde, afinal de contas ninguém vai reparar, é só o botão da manga!

O porteiro mais uma vez, talvez adivinhando meus pensamentos, resolve ser gentil: "Quer que eu costure o botão para você?" Quase tasquei-lhe um beijo, tamanha a felicidade! "Quero, por favor, não sei costurar", e dou uma risadinha meio sem graça. Em menos de 5 minutos o botão está costurado.

Passo por ele a semana toda e ele me acena, todo sorridente. Digo sempre um "bom dia, como vai?" e também um "boa tarde" ou "tchau" sorridente, ou ainda "tenha um ótimo final de semana". Não deveria ser sempre assim?

Obs. 1: o porteiro é de nacionalidade indiana.
Obs. 2: nem ele sabe meu nome, nem eu o seu. Apenas nos cumprimentamos.

8 comentários:

Cláudio disse...

Ajudar uma menina bonita é mole. Quero ver se fosse eu! :-)

Anônimo disse...

Sorry, mas que falta de assunto.

Um dos itens que não pode faltar na necessérie.

patricia m. disse...

O assunto nao eh a falta de linha ou agulha - nem preciso ter isso em uma NECESSAIRE, basta ir ali na esquina e comprar o tal do kit.

Alem do mais, com uma limitacao de uma mala grande apenas para trazer minhas coisas para Londres, tenho coisas mais importantes para pensar que nao seja agulha e linha.

António Conceição disse...

Erro seu, Patrícia. A observação dois é falsa. Ele sabe há muito o seu nome e o que faz. Não tarda nada, está a entregar-lhe as libras que aforrou numa vida, para que as multiplique num investimento de retorno imenso e sem risco.

PS - Continuo sem ser capaz de resitir à tentação de cutucar o Pablo até ele cair à água. Sou mesmo muito mau.

Zé Costa disse...

Sabe o que gosto dessas sua mini-crônicas? Você tira a mística de lugares e de pessoas que são e estão tão distantes. Feira livre em Londres? No meio da Rua? Eu que pensava que o camelódromo fosse uma originalidade de Recife. Porteiros que sabem costurar? Tá, bom, todo indiano já nasce aprendendo a mexer na roca, mas o rapaz foi muito prestimoso sim.

Sorte a sua Patrícia, contar com porteiros, assim.

patricia m. disse...

Costa, que bom que voce gosta dessas narrativas. Nao eh todo mundo que gosta das pequenas coisas do dia-a-dia. Estao esperando pelo grande espetaculo, sei la, qualquer coisa de grandioso... Hahahaha.

Blogildo disse...

Esses indianos são legais. O ser humano ainda tem salvação.

Eu também me amarro nessas crônicas do dia-a-dia. No fim das contas, o cotidiano é a única coisa que existe.

Frodo Balseiro disse...

Patricia
Onde quer que você esteja, dê um alô!
Abs
Frodo