quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mudanças - Uma Narrativa

Até o momento fizemos praticamente 3 mudanças intercontinentais. Uma dos Estados Unidos para a Inglaterra, outra da Inglaterra para o Brasil, e finalmente a última do Brasil para os Estados Unidos. Fechamos o ciclo.

Nas duas vezes em que tivemos "Brasil" no meio foi uma dor de cabeça. Ou seja, a mudança mais tranquila de todas foi entre Estados Unidos e Inglaterra. Foram altamente eficientes: gastaram no máximo umas 4 horas empacotando as coisas e a mudança gastou 30 dias para chegar (entre desembaraço no porto de origem, trajeto de navio e desembaraço no porto de chegada). Nada foi quebrado, nada.

Na perna envolvendo um país desenvolvido (Inglaterra) e a porcaria do Brasil, a ponta de origem foi ok. Também gastaram as mesmas quase 4 horas empacotando as coisas e o desembaraço no porto de origem foi rápido. O trajeto de navio também foi rápido. O problema, como não poderia deixar de ser, foi no porto de chegada. Foram 30 dias para desembaraçar o conteiner. Um absurdo, lógico. Mas todo mundo sabe que os portos do Brasil estão entre os piores do mundo.

Antes fossem apenas os portos. Os serviços de mudança do Brasil também estão entre os piores do mundo. Apesar da mudança entre Inglaterra e Brasil ter levado no total 60 dias (30 deles apenas no porto de chegada, se não me engano o porto maldito de Santos), nada também havia sido quebrado. Tudo chegou intacto. Agora vem a horror story da mudança entre Brasil e Estados Unidos.

Bom, a firma que contratamos para fazer a mudança, chamada Transworld, é um lixo - contratamos via AL Express, que é outra porcaria. Levaram 2 (DOIS) dias inteiros empacotando as nossas coisas. Não, meus amigos, não é que nós compramos o mundo depois que saímos da Inglaterra e Estados Unidos - a nossa mudança era praticamente a mesma com exceção de 1 (UMA) cama a mais. Havia empacotadores basicamente analfabetos - um dos velhinhos (velhinho?!? sim!!!) empacotando as nossas coisas basicamente tinha que chamar a menina o tempo todo para escrever na caixa o que ele havia colocado. Ah, e eles faziam horário de almoço, pode? E a lentidão? E o bate-papo? Nossa, vocês não imaginam a irritação que eu fui tendo com esse povo. Além do fato de ter que dormir uma noite no apartamento com as coisas todas empacotadas - nós nem pudemos tomar banho naquele dia, porque as toalhas já haviam ido - e eu achando que os caras iriam gastar apenas um dia (8 horas, mais que o dobro que ingleses e americanos).

Bom, é óbvio que a mudança para cá também gastou 60 dias - sendo que 30 deles apenas para sair do maldito porto de Santos. E quando abro as coisas aqui, surprise surprise - há coisa quebrada, lógico. Tudo bem, talvez devesse esperar que em toda mudança pelo menos um ou outro item seria quebrado, faz parte do negócio. Mas juro que estava mal acostumada com as mudanças que tinha feito até o momento, realizada por embaladores profissionais ingleses e americanos, onde nada, nada mesmo havia sido quebrado.

O que quebrou? Um item sentimental, obviamente, que é bem mais difícil de repor do que se fosse uma coisa de série. Uma fachada de gesso da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Sabará que eu havia ganhado de presente dos meus pais. Só para vocês terem idéia de quão energúmenos são os caras, apesar de estar mal e mal enrolada em papel bolha, colocaram a igreja de GESSO no fundo de uma caixa, com coisas por cima tais como um Ganesh gigantesco de BRONZE. Falta muito neurônio em uma cabeça dessas... Outro ponto a observar: enquanto os americanos e ingleses tinham caixas de todos os tamanhos e tipos, os nossos embaladores tinham apenas caixas padrões - tome como um exemplo uma cadeira giratória de escritório: os americanos e ingleses colocariam a cadeira em uma mega caixa. Os brasileiros praticamente CONSTRUÍRAM uma caixa para embalar a cadeira. E eu te pergunto: qual embalagem é mais eficiente? Não precisa responder, é uma pergunta retórica.

E as caixas que simulam armários, então, onde se é possível pendurar cabides? Bom, de novo a comparação: americanos e ingleses tinham caixas onde a barra que segura os cabides era de metal - na caixa dos brasileiros, a barra era de papelão. Guess what? Chegamos com as roupas que deveriam estar dependuradas todas acumuladas no chão das caixas - e em 2 caixas de ternos, onde eles colocaram coisas demais para economizar caixas, havia buracos inteiros nas caixas - até pensamos que alguém havia roubado algo - pelo menos isso não aconteceu, e no final das contas nada foi danificado nesse sentido.

A minha conclusão é a seguinte: se tiver que se mudar do Brasil, pegue simplesmente a MELHOR transportadora que existe lá, que eu ACHO que é a Granero. Nós tivemos que nos mudar no privado (significando, o banco não pagou essa mudança). Então tentamos fazer um pouco de economia e cotamos umas 3 empresas, entre elas a Granero. Pegamos essa porcaria aí e apesar de que entre mortos e feridos salvaram-se todos, a dor de cabeça foi inacreditável.

Último examplo, só para vocês verem o nível da coisa: o cara da AL Express, que era mais ou menos a agenciadora da Transworld, não lidou honestamente com a gente, no sentido de dizer upfront todas as informações. Nós ingenuamente achávamos, por exemplo, que era difícil desembaraçar em Santos se as coisas estivessem CHEGANDO do exterior, e não PARTINDO para o exterior - claro, as "otoridades" brasileiras nunca vão deixar você trazer trocentas coisas do exterior e sempre querem uma propina para liberar a mudança. A mudança saiu do nosso apartamento em uma sexta-feira às 4 da tarde e o cara disse que iria direto para Santos, e que provavelmente sairia de Santos na semana seguinte. É lógico que ELE sabia que isso era mentira das grossas, mas continuou enrolando a gente até que tomou 30 dias para sair de Santos. Custava gerenciar as expectativas do cliente falando a verdade? Tipo, "olha só meu amigo, sabe como é o porto de Santos - vai levar 30 dias para desembaraçar a mudança, e isso é independente do fato de você fazer a mudança conosco ou com o concorrente". Entenderíamos, lógico, e amaldiçoaríamos o porto de Santos até o último dia de nossas vidas. Mas por que brasileiro acha que vai se safar falando mentira, por que brasileiro tem a mania de enrolar cliente? Amaldiçoamos o cara também até o último dia de nossas vidas e ainda escrevo aqui um depoimento falando o quanto ele e a empresa dele são ruins.

Bom, de novo, se estiver se mudando do Brasil: Transworld não, Alexpress não. Contrate gente decente, mesmo que pague mais caro. E ria na cara do bobalhão que tentar te enganar dizendo que a sua mudança sai em 1 semana do Brasil. Com o estado dos portos brasileiros, isso não acontece de jeito nenhum.

2 comentários:

Vinicius disse...

Lady,

Existem 2 boas alternativas no EUA e acredito na Inglaterra: (1) alugar mobiliado (2) comprar móveis no IKEA que são modernos, funcionais e baratos (voce mesmo monta).

patricia m. disse...

Alugar mobiliado aqui nos EUA eh ruim. Na Inglaterra era o padrao. Acontece que ja tinhamos a nossa mobilia IKEA, hahaha, que compramos aqui em Nova Iorque quando viemos em 2005. Ela esta sobrevivendo ate hoje, sem maiores problemas...