As vezes eu tenho uma preguica danada de ler posts como esse aqui, do Ricardo Setti. A conclusao dele eh a seguinte: olha la o Chile, eles estao revirando o passado, isso eh bom, o Brasil deveria fazer a mesma coisa. Eu discordo. A Argentina esta condenando torturador atualmente, por exemplo, e nem por isso eh exemplo a ser seguido.
De cara eu sou contra o revisionismo. Houve a anistia irrestrita e pronto, estamos conversados. Para que revirar o sertao de Goias `a cata de uns tantos quantos ossos esbranquicados? Ora, ora, as familias dos desaparecidos certamente ja se conformaram com o fato de que eles estao mortos, nao eh mesmo? Querem mais eh fazer teatro...
O revisionismo eh ruim. O que dizer dos acontecimentos de 1964 sob a otica de 2011? Para a grande maioria das pessoas, nada. Nao da para julgar 1964 com olhos de 2011. E certamente nao conseguimos ter olhos de 1964 em 2011!
Outras pessoas metem o malho tanto nos terroristas de esquerda quanto nos militares de direita. A situacao do Brasil em 1964 era como a situacao da Alemanha pre-1939: ou se estava de um lado, ou se estava de outro. Alguns politicamente corretos como o Reinaldo Azevedo sao contra os terroristas mas tambem sao contra os ditadores, ou torturadores, ou militares. O Reinaldo Azevedo diz que eh a favor da democracia, sempre. Eh um sonhador, na melhor das hipoteses. A democracia em 1964 nao era uma opcao disponivel.
O Setti quer saber se o Allende se suicidou ou se foi suicidado, como se diz por aqui. Eu nao tenho a menor curiosidade. O que me interessa, no caso, eh que entre o comunismo a la cubana de Allende e a ditadura a la Pinochet eu escolho a ultima. E apesar de na realidade nao podermos comprovar o que seria o Chile debaixo do tacao comunista de Allende hoje em dia, sabemos que sob a ditadura de Pinochet vai muito bem, obrigado.
O certo aspecto da Historia que cito no titulo do post e que parece incomodar muita gente, principalmente os revisionistas, eh que as vezes nem todas as opcoes estao disponiveis aos articuladores. Eh o que eh, e as decisoes sao tomadas. Nao adianta olhar pelo espelho retrovisor e ficar divagando o que seriamos de nos se tivessemos uma terceira via.