Eu estou assistindo à série History of Christianity na BBC e tenho que aguentar cada uma... O narrador é um professor de Oxford e além de cometer alguns erros básicos ainda adora meter o pau na Igreja Católica como todo "bom" inglês. Não consigo me segurar na cadeira de tanta raiva que passo.
Para começar ele diz que foram os romanos que mataram Cristo. Eu sempre soube que foram os judeus, e Pôncio Pilatos efetivamente lavou as mãos.
O episódio da Reforma Protestante ainda não foi ao ar. Mas quero ver como ele vai explicar o ridículo surgimento da Igreja Anglicana na Inglaterra, totalmente devido a uma puta com sede de poder e a um rei lascivo e desprezível que não conseguia segurar o pinto dentro das calças. Isso porque ele mete o ferro na sede de poder de Roma e dos papas católicos. Eu juro que não sei o que Cromwell fazia na corte do rei - às vezes ele foi inspirado pelo Espírito Santo, quem sabe. Sede de poder? Nah, não na Igreja Anglicana.
E diz ainda que a Inquisição foi terrível - foi mesmo, mas o que foi a mini Inquisição inglesa, com sua perseguição a católicos, seus julgamentos e mortes na calada da noite, a destruição de todas as igrejas e monastérios - não foi isso terrível também? Até parece que os anglicanos foram mais "racionais". Ou bonzinhos. Sei.
Enfim, mais uma cruzada - se é que posso usar essa palavra - anti-catolicismo promovida pela BBC. E vou dizer para vocês depois de 2.5 anos morando aqui: é o catolicismo ainda que segura a Europa. Porque os protestantes europeus, esses queridos, já desistiram da fé cristã há muito tempo. Os ateus europeus são todos ex-protestantes. Os países mais católicos - França, Irlanda, Itália, Espanha, Portugal - são os que ainda dão valor à moral cristã e carregam com orgulho o estandarte. Como a Itália agora na recente questão do banimento dos crucifixos.
Aliás, quero contar esse episódio. Estávamos na missa de domingo, na Farm Street Church, quando o padre visitante do Texas nos deu a seguinte mensagem: que depois de todas as perseguições, de tudo o que nós católicos passamos nessa ilha, que ele ainda conseguia ver as igrejas cheias e cada vez mais cheias de católicos. E terminou com um americaníssimo "keep up the good work". Não preciso dizer que ele levou aplauso no final.
Bom, eu voltei a frequentar missas pela seguinte causa: uma bela tarde de domingo estávamos saindo de casa para exercitar no parque quando literalmente dei de cara com duas pessoas, quase na porta da minha casa. Cumprimentaram-nos e perguntaram se podíamos bater um papo por alguns minutos, tinham cara de boas pessoas, eram de meia idade, um homem e uma mulher. No final eles eram irlandeses da Legião de Maria e estavam fazendo um trabalho missionário no final de semana, ou seja, tentando trazer as ovelhas desgarradas para o meio do rebanho. Prometi que voltava, porque queria muito voltar de qualquer forma, e voltei.
Por isso digo que o catolicismo é o que segura as pontas aqui na Europa. A missa que frequento no domingo é cantada em latim. Você já viu missa em latim no Brasil? O catolicismo europeu é muito mais conservador e tradicional do que o catolicismo brasileiro. Principalmente em países como a Inglaterra, onde foram perseguidos. É quase como um seita, um grupo pequeno de pessoas, todos se conhecem e formam uma pequena família. Tomamos café na igreja depois da missa. Damos mais valor à nossa fé, à nossa igreja, e mais do que tudo, sabemos que somos especiais.
Então, a BBC que vá para a conchinchina vender seu peixe anti-roma. E que se não fosse por nós a segunda invasão islâmica já estava a ocorrer há mais tempo. Aliás, o narrador diz que não gosta do episódio das cruzadas. Eu gosto e muito.
Isso me lembra que tenho que visitar o Temple Church quando minha mãe estiver aqui no final do ano. Não fui ainda porque só fica aberto durante a semana.